O pai do filho do Pai


Ele é decerto o pai mais importante de toda a história da humanidade. Entre todos os outros pais, foi o escolhido para, junto com Maria, cuidar de Jesus aqui na Terra. A missão maior, mais bonita e mais honrosa que a um ser humano poderia ser atribuída. Pai adotivo do Filho do Pai Eterno. Modelo perfeito para o Dia dos Pais.
Tenho por ele uma admiração muito grande. São José, o bom José; um santo humilde, quieto, discreto, porém fundamental. Imaginem como teria sido a vida da jovem esposa e mãe Maria se ela não tivesse tido a seu lado um homem tão corajoso e forte e ao mesmo tempo tão generoso e justo.
Fico às vezes pensando: quanta responsabilidade sobre os ombros de um modesto carapina. A história fala de numerosos momentos dramáticos: o nascimento de Jesus num cochinho; a fuga para o Egito para se livrar da fúria de Herodes; o susto que o Menino deu nos pais quando sumiu e só bem depois foi encontrado pregando no templo.
Tudo na vida de Jesus, Maria e José é comovente e nos leva a profundas reflexões. Porém gosto muito de pensar também em como seria o dia a dia deles. Como seria, para José, ser marido da mãe de Jesus. Mais ainda: pai adotivo do Filho de Deus.
A começar pelo nascimento do Menino na manjedoura, único lugar onde acharam espaço para se hospedar em Belém. Eles sozinhos ali… Quem teria feito o parto? Decerto José. O primeiro a acolher no colo o Rei dos reis, Deus conosco, o Bebê que acabara de chegar para dividir a história em AC e DC – antes e depois de Cristo.
Dar banho em Jesus, trocar as fraldas de Jesus, ficar ao lado sorrindo enquanto Maria dava de mamar a Jesus. Depois ver Jesus ir crescendo, brincar com ele, carregá-lo nas costas, passar horas com ele na carpintaria ensinando-o a lidar com o serrote, o formão, o enxó. Mas será que alguém precisou ensinar alguma coisa a Jesus? Pelo dom da ciência infusa, ele decerto sabia tudo.
Como seria a convivência deles em casa? José ordenhava as cabras, colhia grãos, verduras e frutas nas redondezas, rachava lenha, enquanto Maria cozinhava, lavava, costurava. Jesus sempre ajudando a mãe e o pai, talvez fazendo alguma arte ou brincando com os meninos vizinhos. E sobre quais assuntos conversavam?…
José, José, meu bom José de Maria. São José amado no mundo inteiro, patrono das famílias e dos operários, lembrado sempre com ternura e respeito por milhões e milhões de devotos. Rogue por nós, José. Ajude Maria, nossa Mãe querida, a pedir a Jesus uma bênção bem grande para a humanidade. A gente está precisando demais. Amém.
(Crônica publicada na edição de hoje do Jornal do Povo)
São José e o Menino, por Agustín Rodríguez – Museu Nacional de Belas Artes (Cuba)