Aprovada recuperação judicial da Pneumar

Ex-funcionários se decepcionam: dívida tem ágio de 50% em 36 parcelas mensais

A homologação de aditivo ao plano de recuperação judicial do Grupo Pneumar não agradou credores, especialmente os trabalhistas, mas as condições foram aceitas por maioria de votos durante continuação de assembleia, realizada no final de julho; a anterior foi em maio. Ex-funcionários da empresa, pertencente há 74 anos a uma das famílias mais ricas de Maringá, consideraram humilhante os termos aprovados; alguns, com décadas de empresa, receberão uma entrada de R$ 10 mil, de acordo com o direito apurado, com deságio de 50% em 36 parcelas mensais e sucessivas, a partir no 25º dia do mês subsequente ao dia da decisão que homologar.

Assim como a Ribemar Empreendimentos Agropecuários e Imobiliários, a Ribeiro Comércio de Pneus, que integram o Grupo Pneumar, que foi um dos maiores do Brasil na revenda de pneus, pertence a Francisco Feio Ribeiro Filho, ex-presidente da extinta Urbamar na gestão Ricardo Barros e recentemente acusado de ter o deputado federal licenciado e secretário de estado como “sócio oculto” em ação envolvendo o terreno da antiga Valmar; Daniel Moleirinho Feio Ribeiro e Giovana Amorin Costa Feio Ribeiro são os demais sócios.

Durante a assembleia (veja o vídeo completo abaixo) reclamou-se que a diretoria havia se colocado em outra videoconferência a disposição de pagar as dívidas trabalhistas de forma integral. “Fomos surpreendidos”, disse um ex-funcionário. O aditivo aprovado também trata das dívidas com outras classes (quirografário e micro e pequena empresa), com deságio de até 80%.

O efeito do plano é como se fosse de um acordo coletivo, o que não tem impedido reclamações na assembleia e em redes sociais (aplicativos de mensagens), uma vez que gente do setor contestou o início da crise em 2015, acreditando que houve uma orquestração e planejamento, e adquiriu produtos durante a pandemia, além da demonstração de que os sócios levam uma vida de luxo. Sinalizou-se que foram feitos acordos à parte, não aceitos por todos os credores.

Resultado da votação do plano de recuperação judicial

Entre os depoimentos está o de um homem que trabalhou na Pneumar durante mais de 38 anos, “dos tempos das vacas gordas, quando se juntava dinheiro com rastelo aí dentro” e falou das dificuldades enfrentadas por chefes de família. Conta por exemplo que em 2018 enfrentou um câncer, ficou afastado por apenas 30 dias. “O problema da Pneumar não é a pandemia, não é isso, não é aquilo, o problema da Pneumar é a péssima administração, começando pela diretoria e todos aqueles que eles colocaram como fiéis da balança para administrar a empresa; e nós estamos pagando o pato pela má administração que houve”, disse o ex-funcionário Stevo Schmidt Filho, 68, que teve o estômago removido por causa da doença.

Ele contou que a partir de desentendimento familiar que resultou na saída de Edson Ribeiro do grupo Ribeiro para a Rivesa, falecido em maio do ano passado, a empresa foi de cabeça para baixo. O ex-funcionário trabalhou por 20 anos no Departamento de Crédito e Cobrança e disse que a inadimplência mensal era de 0,2%. “Hoje nós vamos ter que perder 50% daquilo que nos é devido por culpa de maus administradores”, comentou ele, que classificou a proposta de indecente. Antes, disse que Chiquinho havia prometido vender um imóvel e quitar as dívidas, o que não aconteceu; ao deixar a empresa, recebeu R$ 1.150,00 de indenização, tendo passado por depressão e estando desempregado até hoje.

Na classe trabalhista, o plano de recuperação foi aprovado dia 26 com 66% de aprovação (classe trabalhista).