Alguém vai ter que pisar na lei para dar nome de ex-prefeito ao terminal

O terminal intermodal de Maringá, que será entregue em setembro, poderá receber o nome de Said Felício Ferreira (1933-2010), que foi prefeito por dois mandatos. A homenagem é ilegal.

Said Ferreira já dá nome ao Hospital Regional Universitário de Maringá. A lei, de 2013, é do deputado Dr. Batista. De lá para cá, a UEM já teve três reitores (Júlio Santiago Prates Filho, Mauro Baesso e Júlio Damasceno), mas nenhum deles se preocupou em colocar uma placa ou fachada com o nome do criador dos cursos de Medicina e Odontologia no prédio que denomina. Assim como não se preocuparam em homenagear de forma condigna dom Jaime Luiz Coelho, responsável pela origem da instituição.
Nas proximidades do terminal existia a Estação Rodoviária Municipal Américo Dias Ferraz, segundo prefeito da cidade, homenageado por lei em 1983. Com a demolição do prédio, em 2010, pelo ex-prefeito Silvio Barros II, aguardava-se que seria ele o homenageado num dos mais caros prédios públicos já construídos em Maringá.
A duplicidade de denominações em logradouros públicos é proibida por lei em Maringá, antes mesmo de outras cidades adotarem a regra, como o Rio de Janeiro. A primeira lei a proibir a duplicidade foi assinada em junho de 1973 por Silvio Magalhães Barros, ele próprio homenageado posteriormente duas vezes (nome de escola e do paço municipal). Quinze anos depois a proibição foi reforçada – por lei sancionada, vejam só, Said Felício Ferreira, que nasceu em Dois Córregos (SP) e atuou profissionalmente, como médico, em Atalaia e Maringá.
Um texto do historiador João Laércio Lopes Leal, no site da própria prefeitura, refere-se a Américo Dias Ferraz como um prefeito menosprezado, apesar da obra. E, pelo jeito, se depender do Executivo e do Legislativo atuais, ele continuará à margem da história de Maringá.
Hoje o ex-prefeito entre 1956-1960, que entre outras obras fez fontes luminosas (a principal delas, na praça Raposo Tavares, destruída na gestão de Silvio Barros pai), é lembrado com o nome de uma pequena rua de duas quadras, no bairro Alves Pereira, em Campo Grande (MS). Em Maringá, com a rodoviária colocada no chão, nada,
Agora, resta saber quem vai atestar a legalidade da homenagem.