Filha de líder do governo Bolsonaro atua em estatal com contratos firmados pelo pai, revela jornal

De José Marques e José Pedro Pombo, hoje na Folha de S. Paulo:

Dias após Ricardo Barros (PP-PR) deixar o posto de ministro da Saúde do governo Michel Temer (MDB), em março de 2018, sua filha Raffaelle Kasprowicz Barros (foto) ganhou um cargo em uma empresa pública da Bahia que vendia testes ao ministério e tinha parceria para a produção e fornecimento de insulina.

Mais do que isso: à época, essa estatal, chamada Bahiafarma, tinha ligações com personagens que viraram alvos da CPI da Covid.

Ela era presidida por Ronaldo Dias, primo de Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Ministério da Saúde no governo Bolsonaro e que foi exonerado após suspeitas de irregularidades na compra de vacinas.

Ricardo Barros, que atualmente é líder do governo Bolsonaro na Câmara, também foi investigado pela comissão.

Raffaelle Barros foi nomeada para o cargo de assessora especial da presidência da estatal em abril de 2018, cerca de 20 dias depois de seu pai ter deixado o Ministério da Saúde para concorrer à reeleição para deputado federal.

A nomeação foi assinada pelo então presidente da estatal, Ronaldo Dias.

No último mês, Raffaelle estava em trabalho híbrido e cumpria jornada de oito horas na Bahiafarma apenas uma vez por semana. Em maio, ela recebeu R$ 10 mil da estatal, segundo uma folha de pagamentos à qual a Folha teve acesso.

A filha do deputado acumula o cargo com o trabalho como nutróloga em uma clínica própria, onde atende duas vezes por semana. Também é dona de uma escola particular infantil na capital baiana.

Raffaelle Barros, segundo a própria Bahiafarma, é “responsável pela Farmacovigilância e Serviço de Atendimento ao Usuário da Insulina Humana fornecida ao Ministério da Saúde através de contrato licitado”. Leia mais (para assinantes).