‘Meu pai era um testa de ferro’

Trecho de depoimento do comerciante Fernando Boletti de Lima, intitulado “Meu pai era um testa de ferro” [no caso, de Marcos Tolentino o da CPI da Pandemia, ao centro na foto acima], que narra a história do filho que descobriu ter uma herança de fachada em meio ao pior escândalo de corrupção do governo Bolsonaro:

No dia 24 de julho, a piauí me procurou quando estava fazendo uma reportagem sobre o FIB Bank. Relatei isso ao Renato Nunes. Ele me orientou a não falar com a revista e disse que, se eu me expusesse, seria chamado a depor na CPI, algo que eu absolutamente não desejava. Questionei por que eu estava sendo procurado por jornalistas e ele me escreveu a seguinte mensagem: “Foi emitida uma carta em um negócio que não se concretizou, num período que o Marcos estava em coma. Mas como ele tem relacionamento com o presidente e o líder do governo, está gerando esse tipo de matéria. Estamos todos muito tranquilos.” Na época, era uma explicação nebulosa, mas hoje se sabe que ele se referia à carta de fiança emitida pelo FIB Bank para a compra da Covaxin e que o relacionamento de Tolentino era com Jair Bolsonaro e o deputado Ricardo Barros (PP-PR). Já então era evidente que eles queriam me calar. Num determinado momento, para se livrarem de mim, me ofereceram um carro zero-quilômetro. Disseram que eu poderia escolher o modelo, de qualquer valor. Eu disse que não aceitaria. Tenho dois irmãos e não poderia sozinho receber nada que se referisse ao meu pai. Eu também sabia que esse carro seria uma forma de ganhar tempo, na expectativa de que eu parasse de importuná-los com a questão do inventário. Não aceitei. Na íntegra aqui.

(Foto: Redes sociais)