Hospital da Criança não será hospital-geral, diz Agência Maringaense de Regulação

Transformação era uma das sugestões de estudo contratado por mais de R$ 1 milhão

No ano passado, a Prefeitura de Maringá contratou, com dispensa de licitação, a Fundação Ezure, de São Paulo, para “prestação de serviços em programação técnica, operacional, financeira e jurídica para a concessão de uso de bem público para a operacionalização” do Hospital Municipal da Criança. Uma das sugestões do documento foi transformar eventualmente o local em hospital-geral.

O contrato para a construção do hospital foi assinado em fevereiro de 2018 mas até hoje não funciona, tendo consumido estimados R$ 160 milhões. O estudo técnico foi contratado junto à Ezure com recursos municipais. Perguntada sobre o que a prefeitura decidiu depois de ter pago R$ 1 milhão 98 mil pelo estudo, a presidente da Agência Maringaense de Regulação e ex-secretária de Saúde Maria da Penha Marques Sapata, respondeu:

“O hospital foi construído e preparado para atendimento infantil, com estrutura e equipamentos focados no tratamento de crianças, como UTI pediátrica/neonatal e lactário. O objeto do repasse de recursos é para hospital infantil. Além disso, há demanda por atendimento infantil e expectativa da população das duas macrorregiões (Maringá e Londrina) para que o hospital seja referência no atendimento de crianças, que em muitos casos precisam ir para Curitiba realizar o tratamento”.

Quando o hospital foi anunciado, como um dos maiores do país e com prazo de construção de 9 meses, dizia-se que ele faria o atendimento a pacientes de outras regiões e estados, como Mato Grosso do Sul. A proposta adquirida pela prefeitura em 2022 foi assinada por Tarcísio Takashi Muta.

O engenheiro aeronáutico Muta é o presidente do Conselho de Administração da Fundação Ezute, que foi presidente e sócio da Atech S/A, antigo nome da fundação. Criada em março de 1997, a Fundação Aplicações de Tecnologias Críticas era formada por ex-diretores e técnicos da Esca – empresa pivô da série de denúncias que envolveu a aprovação do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), um projeto de US$ 1,4 bilhão que estava sendo desenvolvido pela empresa norte-americana Raytheon, segundo a Folha de S. Paulo. A Esca foi afastada do gerenciamento do projeto por ter participado da concorrência com uma Certidão Negativa de Débito falsificada e em abril do mesmo ano teve a falência decretada pela justiça.

Foto: Geraldo Bubniak/AEN