Ricardo Barros entra na corrida do lítio e busca reservas no sertão de Alagoas

Ex-líder do governo Bolsonaro expande negócios e aposta na existência de novas reservas de lítio no Nordeste —  além do nióbio, manganês e ouro; em 2020, quando era deputado, Barros foi o autor do requerimento que aprovou a urgência do PL que autorizava mineração em terras indígenas

O deputado federal licenciado Ricardo Barros (PP), ex-líder de Jair Bolsonaro na Câmara e que recentemente esteve no Palácio da Alvorada, foi convidado para um café pelo presidente Lula, tem ampliado seus investimentos fora da política. Seu foco, agora, está no setor da mineração — especialmente na corrida pelo lítio, mineral conhecido como “ouro branco”. A informação sobre o atual secretário de Indústria, Comércio e Serviços do governador Ratinho Junior, é de Paulo Motoryn, em matéria publicada hoje no site The Intercept Brasil.

Ele conta que o mineral tem ganhado cada vez mais importância porque é usado como matéria-prima das baterias dos carros elétricos. O Brasil é, hoje, sétimo lugar no mundo em reservas de lítio, segundo dados do Serviço Geológico Brarsileiro. Segundo a Agência Nacional de Mineração, a ANM, de 2022 para 2023, os pedidos de mineração envolvendo lítio quadruplicaram. 

“Por meio das empresas RC8 Calcário e RC6 Mineração, das quais é sócio-administrador, Ricardo Barros tem protocolado uma série de pedidos de autorização para pesquisa e exploração de minerais pelo país junto à ANM. 

Em 2020, quando era deputado, Barros foi o autor do requerimento que aprovou a urgência do PL que autorizava mineração em terras indígenas. Se aprovada, a lei poderia beneficiar diretamente seus negócios.

A área total das atividades das empresas do político supera 10 mil hectares – em 9.700 deles, ele procura por lítio. O levantamento foi feito pelo Intercept Brasil com base em documentos disponibilizados pela ANM.

Os investimentos do político no setor somam R$ 4,4 milhões, dos quais  R$ 2,9 milhões foram destinados à  pesquisa do minério de lítio. 

Em 2022, o Serviço Geológico Brasileiro encontrou novas reservas com potencial extrativo no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais –  único local do país onde o lítio é extraído e comercializado. Mas há uma intensa corrida de mineradoras para descobrir novas reservas em outras regiões, entre elas o sertão nordestino, onde Barros concentra seus investimentos.

A RC6 Mineração apresentou, em janeiro, cinco pedidos de autorização para pesquisar lítio na cidade de Pão de Açúcar, em Alagoas. A área que a empresa quer prospectar tem 9.762,40 hectares e fica a menos de 5 km do sítio arqueológico de Bom Nome, composto por 11 sítios rochosos.

Os pedidos de Barros para exploração mineral na região ainda estão em análise na ANM. Mas pelo menos desde 2007 a operação de mineradoras na região já preocupa a comunidade local e o Ministério Público.

Em 2012, a região foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional por guardar pinturas rupestres que foram consideradas um um importante registro de povos pré-históricos da região”. Leia mais.

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado