Política é como uma nuvem…

A história política de Maringá mostra que nas últimas décadas há “viradas de chave”, a última delas ocorrida 8 anos atrás

Em 2016, Ulisses Maia vinha de uma derrota na reeleição para a presidência da Câmara de Maringá (alguns dos ‘traidores’ foram prestigiados em suas gestões) e Silvio Barros II (PP) tinha sido confirmado candidato a governador, em 2014, pelo PHS. Fez campanha mas, na última hora, desistiu da disputa, para que sua cunhada fosse vice de Beto Richa (PSDB).

Entre 15 de junho e 8 de julho de 2016, o Instituto Veritá mostrava Silvio, que havia sido prefeito duas vezes, com 16,3% na espontânea, enquanto Ulisses Maia (hoje no PSD, então no PDT) tinha 4,7%. Na estimulada, no mesmo período, o mesmo instituto apontava Silvio Barros II à frente com 42,3% e Ulisses com 15,8%, em terceiro. Entre os dois aparecia Wilson Quinteiro (PSDB, hoje no PL), com 16,3%, em segundo lugar.

Em setembro daquele ano o Data Vox Brasil dava vitória de Silvio Barros, no primeiro turno, com 51% dos votos, contra 20,3% de Quinteiro e 19,1% de Ulisses Maia. O pepista, escorado numa aliança de 15 partidos, e o então pedetista foram para o segundo turno, e todas as pesquisas divulgadas (dos institutos Opinião, Datacenso e Inpe, que fez duas), entre 4 de 24 de outubro já davam Ulisses Maia na frente, com diferença que ia de 16,9% a 23% de um sobre o outro. Barros liderou a rejeição, com 28,5% (Instituto Opinião), enquanto Ulisses tinha 11%.

No primeiro turno, Silvio teve 39,69% contra 28,87% de Maia; Quinteiro recebeu 21,86% e Humberto Henrique, 7,18%. O resultado final da eleição de 2016 foi de 58,88% dos votos para Ulisses e 41,12% para SB II, no segundo turno.

Na disputa pela reeleição, em 2020, não houve segundo turno. Ulisses Maia venceu no primeiro, com 56% dos votos. Silvio Barros II chegou a se lançar pré-candidato, mas desistiu e em seu lugar o PP lançou a Coronel Audilene, que fez 9%.

Na época em que os institutos de pesquisa não eram usados como instrumentos de campanha, também ocorreram resultados surpreendentes, em Maringá. Em 1968, João Paulino Vieira, ex-prefeito da cidade e deputado federal mais votado do Paraná, perdeu para o paulista Adriano José Valente, que nunca foi tido como favorito. Em 1988 Ricardo Barros venceu uma eleição que era considera de João Preis, ex-secretário municipal e ex-deputado federal.

Em 2000 deu-se a vitória surpreendente do PT, com José Cláudio Pereira Neto, que enfrentou Dr. Batista no segundo turno. Em 2004 todas as pesquisas de véspera da eleição apontavam João Ivo Caleffi, mas quem ganhou, com o apoio declarado de um jornal, que publicou pesquisa diferente e a distribuiu em milhares de residências, foi Silvio Barros II. A história da chamada “mudança de chave” ocorreu pela última vez em 2016, com Ulisses Maia. Neste ano os candidatos para valer só serão conhecidos nas convenções, havendo certeza mesmo hoje de cinco ou seis.

A se julgar pelo histórico das eleições na cidade nos últimas quatro décadas, muitos apostam que as chances são de todos e que este pleito será uma espécie de jogo: onde cairá a bolinha na roleta? Como diria Magalhães Pinto, política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou.