Prédio do Fim da Picada vai a leilão

Tradicional restaurante foi citado há 4 anos por ter sua dívida paga com suposta propina recebida pelo deputado federal licenciado Ricardo Barros, ex-líder de Bolsonaro

O imóvel que abriga um dos mais antigos e tradicionais restaurantes de Maringá vai a leilão no mês de setembro, informa O Fato Maringá. O encerramento da primeira fase de proposta do leiloeiro acontecerá em 25 dias.

De acordo com o leiloeiro, o imóvel está indo a leilão por causa de dívidas com o governo federal. O restaurante, que durante décadas abrigou eventos familiares, empresariais e políticos, foi citado pela revista Veja durante a operação Lava Jato. Em setembro de 2020 uma reportagem na revista Crusoé informou que, de acordo com o Ministério Público Estadual, parte da suposta propina de R$ 5 milhões paga pela Galvão Engenharia ao ex-líder do governo Bolsonaro na Câmara, o hoje deputado federal licenciado Ricardo Barros, honrou a dívida da churrascaria em Maringá. A propina teria sido negociada dentro do paço municipal.

O imóvel comercial que tem 14 metros de frente para a avenida Brasil, área 1.148,00m² de área total e 905,82m² de área construída pode ser arremato na forma compra imediata pelo valor de R$ 4,5 milhões. A outra alternativa para a compra são os lances que partem do preço mínimo de R$ 3.375.000,00. Leia mais.

Confira a matéria de Luis Vassalo em 16 de setembro de 2020, sobre o irmão mais novo do ex-prefeito Silvio Magalhães Barros II (PP) e sceretário do governador Carlos Massa Ratinho Junior:

Propina a líder de Bolsonaro pagou dívida da churrascaria ‘Fim da picada’, diz MP

Parte da propina paga pela Galvão Engenharia ao líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, do Progressistas, honrou a dívida de uma churrascaria em Maringá, de acordo com o Ministério Público do Paraná. O nome do estabelecimento diz muito sobre o esquema investigado: “Fim da Picada”. O deputado federal está sob suspeita de receber 5 milhões de reais em valores ilícitos da empresa. Aliados dele foram alvos de busca e apreensão nesta quarta-feira, 16.

Horácio Monteschio, ex-diretor da Secretaria da Indústria e Comércio do Paraná, que já foi chefiada por Barros, é identificado como o emissário responsável pelo recebimento do dinheiro em espécie da empreiteira. Um amigo do deputado, Delmo Sergio Vilhena, também está entre os investigados pelo esquema. Os dois tiveram seus sigilos telefônicos e telemáticos (emails) quebrados pela Justiça, para o rastreio do caminho da propina.

A partir do acesso aos emails dos investigados, os promotores chegaram à conclusão de que parte do dinheiro da Galvão foi usada por Delmo Sergio Vilhena para pagar um débito fiscal de 220 mil reais da churrascaria. O repasse abriu caminho para que o imóvel fosse adquirido por uma construtora e negociado por uma empresa ligada ao deputado. O comprovante da quitação do débito do restaurante foi enviado por Barros a um funcionário da empresa que comprou o imóvel por email.

A ação foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do MP do Paraná e pela Polícia Civil. A delação que embasa a investigação foi revelada pelo site O Antagonista e mostrou que a empreiteira teria feito os pagamentos a Barros para para conseguir negócios com a Copel, a estatal de energia do Paraná.

Do total, 3,5 milhões de reais foram pagos por meio de doações eleitorais, no ano de 2014, ao Partido Progressistas, do qual Barros é tesoureiro. O repasse dos 1,5 milhão de reais remanescentes ocorreu por meio de pagamentos em espécie, segundo os delatores. A versão é corroborada, por exemplo, pelo depoimento do doleiro Samir Assad, que intermediou a entrega do dinheiro ao deputado.