Pesquisa eleitoral feita por empresa maringaense pertence a ex-presidente do PP Jovem e beneficiaria o partido na cidade da microrregião; pesquisadores não teriam feito entrevistas com apoiadores do PDS-PL, “pulando” as casas com bandeiras destes partidos; empresa diz que não houve manipulação

Em São Jorge do Ivaí a realização de uma consulta pela Nexus Instituto de Pesquisa, que esteve na cidade da microrregião de Maringá para verificar a intenção de votos de 400 entrevistados, levantou acusações de que ela seria dirigida para beneficiar o candidato do PP. Disputam a prefeitura naquela cidade o atual prefeito, Agnaldo Carvalho Guimarães, o Guina (PSD), e o ex-prefeito José Luiz Bovo (PP), ex-secretário das gestões do PP em Maringá.

A Nexus registrou duas pesquisas este ano em São Jorge do Ivaí, uma no final de agosto e a mais recente de 9 a 11, contratada pela Spot Comunicação Digital, de Maringá, com divulgação prevista para a última quinta-feira.

Um do proprietários da empresa de pesquisas é servidor público municipal Tiago Valenciano Previatto Amaral, assistente legislativo da Câmara de Maringá, comentarista da Rádio CBN e coordenador de campanhas eleitorais ligadas ao PP, como Nildão, em Sarandi. Tiago, ex-presidente do PP Jovem de Maringá, foi assessor da Liderança do PP na Assembleia Legislativa e é ligado às famílias Barros (PP) e Matos Silva (Podemos); recentemente ele colocou o nome à disposição para ser candidato a vice-prefeito de Silvio Barros II (PP). Ele esteve em São Jorge do Ivaí acompanhando a coleta de dados.

Esta semana vídeos e fotografias foram tiradas para embasar denúncia à Justiça Eleitoral de possível fraude no levantamento. De acordo com lideranças políticas locais, como a disputa envolve somente dois candidatos boa parte das casas possui bandeiras dos candidatos. Pessoas contratadas para fazer as entrevistas estariam se dirigindo somente às residências com bandeiras do PP (11) e “pulando” as que têm bandeiras do PSD (55).

Há imagens de pesquisador indo em direção a cabo eleitoral com bandeira partidária, conversando com mãe de candidato, entre outro entrevistador conversava com o pai do mesmo candidato, e nas casas identificadas com bandeiras de outro partido “não passavam, nem batiam palmas, para recolherem as opiniões de votos e fazer uma pesquisa imparcial, verdadeira e sincera. Agora vem a pergunta: isso é normal em uma pesquisa eleitoral?”, questiona um apoiador do PSD-PL, para quem o que aconteceu foi tentativa de fraude. O MN entrou em contato com um dos proprietários do instituto, que ainda não respondeu sobre o fato. Isso acontecendo, será publicado neste mesmo espaço.

Outro lado – Às 17h36, a empresa emitiu a seguinte nota, enviada por Diego Franco, um dos três sócios:

“A empresa constituída em 2011, prestando desde então serviços relevantes na realização de pesquisas eleitorais, efetuou registro de pesquisa eleitoral em 06/09/2024, sob o nº PR05216/2024, tendo sido contratada pelo portal de notícias Hoje Maringá.
Quando da realização da coleta de dados na cidade, passaram os entrevistadores e equipe a serem seguidos por pessoas apoiadoras de uma das coligações, que tentaram atrapalhar a realização das entrevistas. A polícia e o Ministério Público foram então acionados pela Nexus para que fosse possível a finalização dos trabalhos e a pesquisa devidamente realizada.
Importante também mencionar que uma das entrevistadoras da empresa foi inclusive alvo de uma tentativa de atropelamento, além de ocorrer no decorrer do dia diversas tentativas para atrapalhar a realização da pesquisa.
A Nexus Instituto de Pesquisa Ltda. acredita na liberdade de informação, por ser um dos pilares do processo eleitoral, que neste caso foi contratada por um portal de notícias, somente possuindo o interesse em entregar um excelente trabalho, para que a população possa ser informada.
Infelizmente há aqueles que não prezam pelos direitos constitucionais de liberdade expressão e informação, sendo que houve inclusive uma representação judicial sobre esta pesquisa tentando impedir a divulgação dos resultados, sendo que a Justiça negou o pedido liminar dizendo que “não se verifica qualquer indício de manipulação da pesquisa”.
Deste modo, a Nexus continuará a prestar serviços relevantes a sociedade, com a realização de pesquisas eleitorais de qualidade que reflitam o momento eleitoral das cidades.

Fotos: Redes sociais