Não é uma vergonha nacional?

Não é um escândalo que recursos originários de impostos pagos pelo povo brasileiro ora em desespero pela maior epidemia de nossa história, estejam sendo subtraídos para financiar campanhas políticas?

Na Constituição Cidadã de 1988, em nenhum artigo, inciso ou parágrafo, ficou definido que seria lícito apropriar- se de recursos do tesouro nacional, para bancar candidaturas. Mas exatamente os críticos da Constituição da República Federativa do Brasil são exatamente aqueles que, ávidos por casuísmos, a estão rasgando fria e implacavelmente.

A bem da verdade, ninguém é obrigado a candidatar- se a nada. Agora, subtrair recurso de um povo empobrecido e cada vez mais desempregado e faminto, é impatriótico e imoral. A cifra de 5.700.000.000,00 não faria diferença em socorrer a educação pública arrastando – se em abrigos sucateados e professores com os míseros salários congelados há mais de uma década? E as esperas intermináveis na saúde pública, onde tantos enfermos sucumbem aguardando a vez na fila do calvário?

Barracos multiplicam -se aqui e ali , as estatísticas da morte pela fome prometem aumentar, mas os bilhões que não existem para socorrer as vítimas das calamidades, de repente surgem, para irrigar as campanhas políticas dos afortunados representantes do povo brasileiro. Até quando?


(*) Tadeu França: Tadeu França
Ex-deputado federal constituinte

(Foto: TSE)