Adeus, ‘Parafuso’

Na minha carteira e na de Jorge, a mesma data de contratação

Eu e Jorge Roberto Pereira da Silva, o Parafuso, tivemos a Carteira de Trabalho e Previdência Social assinada assinada pela primeira vez no mesmo dia (15 de setembro de 1977), pelo professor Edson Coelho Castilho, na época um dos sócios do extinto O Diário do Norte do Paraná, o primeiro off-set da região. Comemoramos juntos, na frente do prédio da avenida Tuiuti 138, onde hoje fica a estação rodoviária municipal.

Foi repórter policial dos bons, para manter uma tradição do jornal e da qual fizeram parte Henri Jean Viana, Lenin Schmidt e Roberto Silva, para citar alguns. Cabelos encaracolados, andava sempre com camisas de mangas longas, um cacoete com os dedos no rosto. A família residia na Vila Nova, numa rua em que só existiam (?) casas de funcionários do Departamento de Estradas de Rodagem. Assistimos jogos da Copa do Mundo de 1978, a da Argentina, no pestape de O Diário e na casa que ele dividia com a Gaúcha.

Com ele aprendi a gostar ainda mais de Raul Seixas e a perceber como era trágica a ditadura militar. Passou perrengues, até ir para Paranavaí, onde foi repórter, editor-chefe do Diário do Noroeste e secretário municipal de Comunicação, amigo do ex-prefeito Rogério Lorenzetti. Andamos distantes, como quis o destino, nos encontrando em uma ou outra situação, como numa ação judicial que ele ganhou e da qual fui testemunha.

Foi importante a gente ter se conhecido no início de minha carreira no jornal impresso. Lembro da tensão que dividíamos na calçada de O Diário, naquele dia de setembro de 77, aguardando o resultado: seríamos contratados ou não? Fomos, com convite e aval do também saudoso Manoel Cabral. A vida é assim, cheia de saudades dos que lhe foram caros e próximos.

PS – Pena que não encontrei, ainda, uma foto sua dos tempos de jornal – mas, pode ter certeza, vou achar.

Foto: Reprodução