Donizete Oliveira
‘Zé Arvi’, meu pai
A promessa
O frio trazia geada, mas também alegria
Uma geada que mudou nossas vidas
Candidato bexiga
Há quem diga que discurso político não dá voto. Dá, sim! Depende do discurso. Se bem feito produz empatia com o eleitor. Tem candidatos que até falam bem, com desembaraço, mas apresentam pouco conteúdo. Não são incisivos em determinados assuntos.
Continue lendo ›Os bilhetinhos do Frank
Eu e Frank Silva em Mandaguari. Ele fora participar de uma sessão da Câmara de Vereadores, que lhe propusera uma homenagem. Após a praxe das formalidades, como era de seu feitio, proseou muito. Discorreu sobre cuba-livre, coquetel à base de rum, refrigerante de cola e limão. Falou de suas aventuras nos anos 60. Dos bailinhos românticos. Amigos. Namoradas. Enfim, dos tempos idos.
Continue lendo ›Vida sofrida, vida feliz!
Um sol vermelho. Eu o via assim. Quente. Sufocante. Eu descalço atrás do meu pai. Ao menos cinco quilômetros a gente andava até chegar à cidade. Que ficava numa espécie de colina. Imaginação, talvez. Mas a igreja católica, que é bonita, arredondada, eu a enxergava num lugar alto.
Falo de Califórnia, que fica ali na rodovia que leva a Curitiba. Uns 20 quilômetros de Apucarana.
O grito e as nossas independências
Por muitos anos, o grito de dom Pedro, às margens do Ipiranga, povoou meu imaginário. “Independência ou morte”, em 7 de setembro de 1822, era uma espécie de dístico que me soava familiar. Ouvi primeiro do meu pai, que contava causos do imperador, sempre com elogios rasgados ao monarca português.
Continue lendo ›Não somos nada, mas podemos ser tudo…
Vacina, vacina! Só se fala nisso. Desenfreada corrida por uma vacina contra a covid-19. Descoberta, e nossos problemas estarão resolvidos. Voltaremos à vida de antes. Continuaremos a maltratar a flora e a fauna. Como se fossem empecilhos ao dito progresso. O vírus que aí está não veio por acaso. Algo houve que o fez surgir de forma tão contundente.
Continue lendo ›Dia de 100 mil mortes… e a morte de dom Pedro Casaldáliga
Dia triste. Dia em que o Brasil registra 100 mil mortes pela covid-19. Dia em que me vejo prostrado diante de uma tragédia sem precedentes. Dia em que morre dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia (MT). Uma referência na luta contra as injustiças sociais.
Continue lendo ›Prêmio não contempla livro sobre o rádio maringaense
Infelizmente, a Secretaria de Cultura de Maringá, que coordena o Prêmio Aniceto Matti, não contemplou o projeto para publicar meu livro sobre a história do rádio maringaense, englobando os anos 1950, 1960 e 1970.
Continue lendo ›Economia e saúde precisam estar juntas
Ouvi hoje uma entrevista do epidemiologista e reitor da Universidade Federal de Pelotas (RS), Pedro Curi Hallal (foto), que coordenou uma grande pesquisa sobre a expansão da covid-19 no Brasil. Para ele, muitas regiões do Brasil precisam de 15 dias de isolamento total para chegarem à curva descendente da doença. À primeira vista, a medida assusta. Loucura? Prejudicar mais a já combalida economia?
Continue lendo ›Arqueóloga reescreve história da América
Em 2020, a arqueóloga brasileira Niéde Guidon vai comemorar um aniversário especial. Em meados do ano, ela completará 50 anos de trabalho ininterrupto na região do Parque Nacional da Serra da Capivara, idealizado por ela, em São Raimundo Nonato, no sertão do Piauí, local com maior concentração de arte rupestre do mundo.
Continue lendo ›A mulher que escandalizou a elite paulistana
Uma mulher nascida em berço de ouro. Para ela, vale o clichê, mas Veridiana Valéria da Silva Prado (1825-1910) não se deslumbrou frente à riqueza deixada pelo pai, Antônio da Silva Prado, o Barão de Iguape. Dona Veridiana, como ficou conhecida, era uma mulher além do seu tempo. Leitora contumaz dedicou-se aos estudos, tornando-se poliglota. Aprendeu francês, italiano, inglês e alemão.
Continue lendo ›Os suplícios de Amélia na pós-abolição
Numa tarde ensolarada, andando pelo Conjunto Santa Felicidade, de Maringá, conheci Amélia Maria de Jesus Silva. Uma negra simpática, que vivia sentada num banco de tora no quintal, sempre rodeada por netos e bisnetos. Ela tinha 104 anos.
Continue lendo ›Um poeta do cotidiano
A poesia em trovas, deste fluminense que chegou à cidade em 1955 nasce de cenas comuns e se destaca em concursos nacionais, transformando-o num dos autores mais premiados do Brasil
Continue lendo ›Saí-andorinhas dão show
no Centro de Maringá
De repente, os olhares foram direcionados para as árvores. Sábado de manhã, um bando de pássaros em tons verde e azul pousou nas árvores da rua Santos Dumont, em frente à Padaria Açucapê, centro de Maringá. Quem estava tomando café foi para fora de celular em punho tentando fotografá-los. Continue lendo ›
Caravana de Lula ignora mídia local
Trocando palavras no ‘Feicebuque’ com o colega e brilhante jornalista Ricardo Kotscho, lembrávamos das caravanas de Lula, em 1994. Ele era coordenador de imprensa daquelas viagens e sempre organizava uma entrevista coletiva exclusiva para a mídia dos locais visitados. Continue lendo ›
Um bêbado diplomado
A vida é uma cópia, uma realidade ou um espelho? Vinha eu de Londrina. Entrou no ônibus um sujeito aparentando uns 45 anos. Totalmente, bêbado. Discutiu com o cobrador e, no solavanco, apoiando-se nos bancos, foi sentar lá atrás, perto de onde eu estava. Tirou uma soneca rápida e ganhou um pouco de consciência. Puxei papo, e ele sacou de uma bolsa encardida um diploma. Sim, um diploma de odontologia bastante sujo. Tentou rasgá-lo, mas não conseguiu.
Era de couro. O bêbado se formara em odontologia, em 1993, na Universidade de Marília. Puxou uma carteira do bolso cheia de papéis amassados. Com dificuldade achou a carteira de identidade. Fez questão de confirmar que era dele mesmo. Na bolsa havia outra garrafa de cachaça. Daquelas de plástico.
Não consegui entender muito o que dizia. Às vezes, divagava. Disse que vinha de Camboriú (SC). Eu cheguei ao meu destino, na Praça Raposo Tavares, centro de Maringá. Ele desceu e perguntou onde era o Albergue. Expliquei, mas duvido que conseguiu chegar lá. Antes, pedi-lhe o diploma e o fotografei. Está comigo a foto, mas não vou divulgá-la para não expô-lo. Não conheço o caso a fundo.
Airton Donizete
Antigos carnavais agitavam Maringá e região
Tanto riso,
Oh! quanta alegria,
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando
Pelo amor da Colombina
No meio da multidão
(“Máscara negra”, Zé Kéti e Hildebrando Matos – 1967)
O carnaval não é mais o mesmo. Até por que não existem mais marchinhas como “Máscara Negra”, do saudoso Zé Kétti. Entre tantas outras, claro. É preciso recorrer ao passado para mostrar que houve bons carnavais em Maringá e região.
Em Maringá, até o fim da década de 1980, a folia tinha Rei Momo. Sebastião Carabina, que morreu em 1981, estreou o trono.Continue lendo ›
As laranjas do meu pai e a sanha da ditadura
Pitbull ataca
Cachorro morto (foto) por um pitbull, no distrito de Pirapó, em Apucarana. O cachorro pertence a Fabiana Motta e teria morrido para salvar a filha dela, que seria o alvo do pitbull. O animal está solto, e Fabiana registrou queixa na delegacia de Apucarana. Segundo ela, o pitbull seria de um policial.
O certo, o errado e a língua portuguesa
Quando eu morava no sítio, ainda menino, ia com minha mãe levar almoço ao meu pai e irmãos, que trabalhavam na roça. Eles derriçavam café, plantavam arroz, feijão e milho, conforme a época. No sistema de porcentagem, a produção era divida com o patrão. A cada dia estavam num lugar da imensa roça. Minha mãe cortava caminho e chegava rápido ao eito de trabalho. Ela nunca fazia o trajeto normal. Sempre desviava das habituais trilhas.
Certa vez, perguntei como os encontrava. Minha mãe explicou que antes de sair de casa fazia um traçado mental do terreno. Ela calculava aonde eles haviam chegado de acordo com o trabalho do dia anterior. E seguia, desviando de possíveis obstáculos até chegar ao lugar desejado.
Usei essa metáfora para dizer que quem escreve, antes de se atentar à gramática normativa, deve aprender a formar frases, imaginar um roteiro, saber aonde chegar e conhecer o que vai dissertar.Continue lendo ›
Morre um personagem de Maringá
Certamente, você, que mora em Maringá, já passou muitas vezes pela esquina entre a rua Joubert de Carvalho e a travessa Júlio de Mesquita Filho, ao lado da praça Raposo Tavares. Reparou que ali existia uma barraquinha? Pois é, aquele senhor vendia frutas nela desde 1972. Fluminense de Itaperuna (RJ), Juvencil Aurélio Pereira, 82 anos, chegou a Maringá em 1950. De tanto ouvir falar naquela região próspera, resolveu conhecê-la. Veio, gostou e ficou.Continue lendo ›
Na Zona 7…
Pernas e braços do raquítico recém-nascido estavam queimados de pontas de cigarro. A mãe não podia ficar com ele. Na Zona Velha, mulher que tivesse filho tinha de doá-lo aos três meses de vida. “Desfazia-se da criança como se desfaz de um cachorrinho”, diz Guiomar. Uma vizinha dela o adotou. Guiomar, que havia dado à luz o primeiro filho, amamentou-o por alguns meses. Sob o cuidado da mãe adotiva, o menino sobreviveu, cresceu, estudou e hoje é um profissional de sucesso em Maringá. A Zona Velha por muitos anos se localizou no Jardim Ipiranga, na Zona 7, que engloba parte das avenidas Paraná e Guaíra. As casinhas de madeiras enfileiradas se assemelhavam acaixotes de abelhas. O assoalho sustentava-se em pilares de concreto.Continue lendo ›
…a Zona Velha
Fim
Segundo Guiomar, a Zona Velha acabou na primeira gestão do prefeito João Paulino Vieira Filho (1961/1964). As mulheres se transferiram para a Vila Marumby. Duas ruas sem saídas cortam a Quintino Bocaiúva: Travessas Olívia Lina e Laélia. A reportagem não conseguiu informações sobre os nomes, mas há quem diga que elas moravam ali e teriam sido homenageadas por autoridades políticas da época.Continue lendo ›
Rigon no mestrado
A aula do mestrado em Comunicação Visual, ministrada pelo professor/doutor Miguel Contani, na UEL, nesta terça-feira, começou com Roland Barthes, passou por Michael Bakhtin, Lygia Fagundes Telles e terminou com Ângelo Rigon. Uma nota publicada no Blog do Rigon foi analisada pelos mestrandos. Com o título “Passista do Agouro“, referia-se a então deputada federal Ângela Guadanini (PT-SP), aquela que arriscou uma dancinha no Congresso pela absolvição do deputado João Magno (PT-MG). O Rigon está muito bem acompanhado quando se trata de teoria analítica.
Airton Donizete
Um boiadeiro errante em Maringá
De Donizete Oliveira, na revista Tradição:
“Com 1.800 bois/Eu saí de Rancharia/Na praça de Três Lagoas/Cheguei no morrer do dia”, diz trecho da moda Pretinho Aleijado, de Tião Carreiro e Pardinho. Era mais ou menos assim a vida de Jeferson de Oliveira, 72, boiadeiro aposentado, que mora na Vila Bosque, em Maringá. Ele nasceu em Mundo Novo, hoje Urupês SP. Desde menino tocava gado com o pai. Com 11 anos, fez sua primeira viagem. Eles levaram uma boiada de Catanduva, interior paulista, a Porecatu, no Paraná. Para ler na íntegra, clique no PDF acima.
Vida de repórter no chiqueirinho
Segunda-feira, 4 de fevereiro, a presidenta Dilma Rousseff visitou Arapongas. Sem carro, recorri ao amigo Narciso, que trabalha na RTV de Apucarana. Combinamos a saída para chegar ao assentamento Dorcelina Folador, local da visita, por volta das 12 horas.
Quanto mais cedo, melhor. Menos congestionamento e dificuldades para pegar as credenciais. Cheguei a Apucarana às 11 horas. Mas Narciso disse que o pessoal da TV havia mudado os planos. Não poderia mais ir naquele horário.Continue lendo ›