O ex-reitor, em alto estilo, com verve de advogado que é, deu de relho num certo ex-prefeito, que gostava de derrubar árvores e hoje fala em sustentabilidade. Paulo Roberto Pereira de Souza citou o eixo monumental, projetado desde o início da cidade, uma grande avenida da Catedral até a UEM, toda arborizada, de acesso ao campus. “Agora fala-se em construir onde era a antiga rodoviária um edifício de mais de 30 pavimentos. Destruímos a zona central da cidade. O projeto Ágora do arquiteto Oscar Niemeyer, era o nosso Central Park, um parque linear da avenida São Paulo até a avenida Paraná, com árvores, área de lazer, era previsto apenas uma biblioteca e um centro cultural. Picaram em datinhas, em terreninhos, e virou especulação imobiliária. (….) Agora, o que deveria ser um legado [a antiga rodoviária), querem enfiar um monstrengo de 30 pavimentos. Isto é falta de sensibilidade, isto não é sustentável, não é sustentabilidade, não é crescimento justo, um crescimento socialmente adequado”.
O ex-reitor ainda cutucou a falta de indignação dos tais organismos da sociedade, que deixou de discutir esse crescimento desenfreado, movido por interesses econômicos, e citou o caso de uma correspondência, endereçada a ele no endereço da UEM, por uma universidade norte-americana onde dá aulas há 15 anos e que retornou com a justificativa de “destinatário desconhecido”. “Não podemos desconstruir o passado, deixar de aprender com o passado”. Disse que para mantermos hoje uma cidade que tem um mínimo de qualidade de vida é imperativo que os organismos da sociedade civil, que estão absolutamente indiferentes, “que perderam a capacidade de se indignar”, reajam e tentem “resgatar a memória de um tempo em que as pessoas tinha sensibilidade, eram respeitadas e consideradas”.