elio gaspari

Opinião

O tenente alemão

De Elio Gaspari, em O Globo:

No início da manhã de 6 de junho de 1944 o tenente alemão Cornelius Tauber estava na Normandia e viu o início do desembarque dos aliados. Ele esperava que as coisas acontecessem como nas guerras passadas e surpreendeu-se: “Não vieram cavalos. Toda aquela tropa e nenhum cavalo”.

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Brasil

Judiciário não tem atribuição para interditar Bolsonaro

Por Elio Gaspari, hoje na Folha de S. Paulo:

O ministro Alexandre de Moraes sabe direito e travou a ofensiva de Bolsonaro contra as medidas de isolamento determinadas pelos governadores.

Na sua decisão, redigida em juridiquês, ele foi além. Reconhecendo que “não compete ao Poder Judiciário substituir o juízo de conveniência e oportunidade realizado pelo presidente da República no exercício de suas competências constitucionais”. Até aí, o óbvio, mas o doutor foi além:

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Brasil

Corrupção legalizada

De Elio Gaspari, na Folha de S. Paulo:

O doutor Gustavo Montezano, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), deu-se a um voo de ciência política e ensinou:

“A gente construiu leis, normas, aparatos legais e jurídicos que tornaram legal esse esquema de corrupção. A conclusão é essa”.

A gente, quem, cara pálida? Machado de Assis já ensinou que “a ocasião faz o roubo, o ladrão já nasce pronto”.

Para ficar num caso ocorrido durante o atual governo, as leis mandam que as compras para o serviço público sejam feitas por licitações e que compete à CGU (Controladoria-Geral da União) fiscalizar a lisura desses certames.

Em agosto passado o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação anunciou um pregão para a compra de 1,3 milhão de computadores, notebooks e laptops para escolas da rede pública. 

Coisa de R$ 3 bilhões.

A CGU sentiu cheiro de queimado e descobriu que numa escola de Minas Gerais cada um dos 255 alunos receberia 118 laptops. Soado o alarme, o edital foi suspenso e depois revogado.

As leis e as normas foram seguidas, mas até hoje ninguém explicou como esse edital foi concebido, armando a ocasião para interessados que, na visão de Machado, nasceram prontos. Parece falta de educação falar do assunto.

(Foto: Tania Rego/Agência Brasil)

Brasil

Bolsonaro e Thaís

De Elio Gaspari, em O Globo:

Jair Bolsonaro chamou a jornalista Thaís Oyama, autora do livro “Tormenta”, de “essa japonesa que eu não sei o que faz no Brasil”. Ela faz o mesmo que ele: vive no país onde nasceu. Oyama é neta de japoneses e Jair é bisneto de italianos.

Por mais preconceitos que tenham ofendido os japoneses, foram migalhas se comparados com as ofensas atiradas contra os italianos.

Delas, a mais interessante partiu de um ilustre quatrocentão ao referir-se a Alfredo Buzaid, ministro da Justiça do presidente Médici. 

“Não se pode confiar nos italianos, veja o caso desse Buzaid.” (Ele descendia de imigrantes do Oriente Médio.)

(Foto: Alan Santos/PR)

Blog

Eremildo, o idiota, não vê problema em ‘suspenção’ de especial do Porta dos Fundos

Porta dos fundos

De Elio Gaspari, na Folha de S. Paulo:

Eremildo é um idiota e acha que o desembargador Benedicto Abicair não fez nada demais ao escrever que a “suspenção” do vídeo natalino do Porta dos Fundos é benéfica. Afinal, o çom é o mesmo e o ministro da Educassão também escreve assim.

O que o cretino não entende é que em 2017 o mesmo magistrado tenha assegurado a Jair Bolsonaro o direito de sugerir que casamentos de brancos com negros são “promiscuidade”. Segundo seu voto na ocasião: “Tudo é direito de cada cidadão, desde que não infrinja dispositivo constitucional ou legal”.

O vídeo do Porta dos Fundos, com um Cristo gay amancebado com Lúcifer e Maria fumando maconha, é coisa muito diferente, mas o doutor não explicou qual dispositivo constitucional ou legal foi violado. O ministro Dias Toffoli não conseguiu achá-lo. Leia mais.