‘Ministros-candidatos’ favorecem bases eleitorais

De Felipe Frazão e Thiago Faria em O Estado de S.Paulo:

A dois meses de deixarem os cargos para disputar as eleições, os ministros-candidatos do governo Michel Temer (MDB) aumentaram a liberação de recursos para seus Estados de origem e privilegiaram suas bases eleitorais nas agendas oficiais.

Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que sete dos 13 ministros com a intenção de entrar na corrida eleitoral incrementaram o valor autorizado para projetos e obras nos seus respectivos redutos eleitorais.
No Ministério do Turismo, por exemplo, o ministro Marx Beltrão (MDB) destinou no ano passado R$ 72 milhões para cidades de Alagoas, onde pretende disputar cadeira no Senado. O aumento em relação a 2016 foi de 269%, o que tornou Alagoas o campeão de investimento em Turismo no País.
No Ministério da Saúde a situação é semelhante. O ministro Ricardo Barros (PP) é candidato à reeleição na Câmara pelo Paraná. Em 2017, o valor dos convênios da pasta firmados no Estado mais do que dobrou. Foram R$ 221,6 milhões, R$ 6 milhões a menos do que o total destinado para São Paulo, estado mais populoso do País.
A maior concentração de repasses a um mesmo Estado, porém, ocorreu no Ministério do Meio Ambiente, comandado por Sarney Filho (PV), filho do ex-presidente e ex-senador José Sarney (MDB-AP). Dos R$ 50,5 milhões autorizados via convênios no ano, R$ 37,4 milhões (74%) foram para o Maranhão. O valor é bem superior ao total repassado ao Estado durante todo o governo Dilma Rousseff: R$ 2,2 milhões.
O aumento da liberação de recursos a estados de origem dos ministros-candidatos também foi constatada nos Ministérios da Integração Nacional (Helder Barbalho, do MDB-RJ), do Esporte (Leonardo Picciani, do MDB), da Agricultura (Blairo Maggi, do PP-MT) e do Desenvolvimento Social (Osmar Terra, MDB-RS).
Os Ministérios do Turismo, da Saúde, da Integração Nacional, da Agricultura, do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Social negam direcionamento de recursos a estados de origem de seus gestores. O Ministério do Esporte não respondeu à reportagem.