Crônica

Divanir, o Mecenas

Por A. A. de Assis:

Em 1966, Maringá era uma jovem cidade de apenas 19 anos, no auge do pioneirismo, com poucas ruas pavimentadas e uma população ainda empenhada em fincar raízes para a construção de uma vida nova em meio à floresta virgem.Continue lendo ›

Na cola do Leminski

Por Douglas de Souza Fernandes:

Falando assim, poucos vão acreditar, mas já escrevi no verso do Leminski! Explico: em 1986, trabalhava no jornal curitibano Correio de Notícias, mas em Maringá, como repórter da sucursal na Rua Santos Dumont pouco depois da Praça Napoleão Moreira da Silva. Continue lendo ›

Vendo carroça

Por José Luiz Boromelo:

“Vendo carroça usada, necessitando de pequenos reparos, equipada com pneus meia vida, freio de mão em funcionamento, varal reforçado com ferragem de construção. Acompanha arreio artesanal muito resistente, fabricado em couro cru contendo coalheira, selote, tapa, rédea, correntes e ainda bridão, rascadeira e chicote. Continue lendo ›

A duvidosa paz do morto

Por João Batista Leonardo:

Vivi horas místicas, em clima de reflexão, no velamento de um amigo. Lá, umas pessoas chorosas se consolavam, outras meditativas e intrínsecas, muitas contentes querendo se mostrar e a maioria preocupada em assinar na lista de presenças, para se valer diante da família.Continue lendo ›

Eu, robô

celular

Por José Luiz Boromelo:

Olhos grudados na tela colorida. Atenção toda voltada a intermináveis passeios a redes sociais. Ansiedade contínua e incessante em conferir possíveis novas mensagens. Textos, vídeos e clipes de gosto duvidosos, atraindo cada vez mais usuários, que se tornam dependentes em um piscar de olhos. Continue lendo ›

O tédio no casamento

Tédio

Por João Batista Leonardo:

A vida comungada a dois clama que seja, minimamente, firmada em bases sólidas para a continuidade nos planos sociais, econômicos e sentimentais.
Convivi como médico no seio de famílias por mais de cinquenta anos e os casais desajustados que acompanhei foram tantos e tantos, pelos mais diversos motivos.Continue lendo ›

Porianna, nascimento e morte
de um jovem neonazista

Neonazistas

Por David Arioch, em seu blog:

Conheci Piero pessoalmente quando tínhamos 17 anos. Ele era um adolescente comum. Estatura mediana, magro, cabelos e olhos castanhos e uma exímia vontade de existir e ser notado para além dos cravos e das espinhas que o exasperavam. No final dos anos 1990, nos tornamos amigos através da música. Eu já gostava muito de heavy metal e ele também. Então começamos a fazer trade em Maringá, onde ele visitava familiares. Eu saía de Paranavaí e ele de São Paulo. Nos encontrávamos na Musical Box, na Avenida Brasil, onde trocávamos CDs e cópias de fitas de shows em VHS.Continue lendo ›

Uma árvore em nós

arvore

Por João Batista Leonardo:

Intrigante conotação da natureza, num mundo mutante onde a analogia se faz marcante, junto ao nascimento, vivência, morte e continuidade.
A terra é viva e todos nós vivos fazemos parte do seu ciclo, atendendo os seus desígnios e embrenhados numa correlação, certamente intrigante e interessante à análise.Continue lendo ›

Os sentidos do amor

Amor

Por João Batista Leonardo:

O amor é um sentimento bom, nasce no âmago, frutifica nas ações. Mostra-se até numa mínima manifestação como no tombo da gota, na mansidão da amamentação, no zumbir dos ventos. Com os poetas e pensadores, embeleza pensamentos, versos e escritas. Faz parte das almas pacíficas que entendem nele a força e brandura frente aos atropelos diários. É arma potente para quebrar barreiras e sentir a gratificação da vitória.Continue lendo ›

Somos míopes diante da bondade alheia

xisAnos passados e eu perambulava, como já contei procês, nas ruas de Curitiba, vendendo bijujas nos semáforos, para arrumar algum dinheirinho para fazer frente ao meu tratamento. Não é apenas falha da Saúde Pública, mas as doenças degenerativas raras, mundialmente são poucos os investimentos em pesquisas de condutas, tratamentos e remédios e enfim eu tinha que chacoalhar o arreio, morder o bridão e seguir na batalha…mas o começo foi tortura de chinês traído. Era muita bronca pra quem só queria trabalhar feito eu.Continue lendo ›

A peleja do diabo com o vesgo leitão

peleja

Reza a lenda de que o Diabo, cansado de torrar a paciência de Deus, resolveu vir à Terra e entrar na Biblioteca pública para ler a tal Crônica de Machado de Assis, “A Igreja do Diabo”, e que foi chamado aos céus de Alláh, sem pagar direitos autorais da dita cuja… ele leu, tentou ler de novo, mas gargalhou muito ao perceber que ele mesmo tem muito que aprender com a maldade humana e num pulo de susto, ao seu lado um leitãozinho um tanto zarolho, de óculos que não escondiam que o pobre porquinho era vesgo. Continue lendo ›

A Semana Santa

semana santa

Por Padre Júlio Antônio da Silva

Nossa fé cristã tem origem no mistério da Páscoa de Jesus, sua morte e ressurreição. Para nós, a Igreja nasceu daí.
Por isso a Páscoa de Jesus Cristo é o centro da vida cristã. Cada ano vivenciamos e celebramos esse mistério de salvação libertadora. Todo o tempo quaresmal é uma preparação para celebrarmos digna e frutuosamente a morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo.Continue lendo ›

Na psicoticocracia não existe paella valenciana grátis

ilustra

Por Gabriel Esperidião Netto:

As rotas de fuga devem ser atualizadas, mas por cidadãos honrados. A nação caminha, passo a passo, para, ao terminar de cruzar o pântano do ridículo, o desgoverno federal já começa seu “Regime de Exceção”, trilhando uma cartilha elaborada por bons especialistas médicos, colaboradores presos e vídeos do FBI, para governarem pelo egocentrismo na visão do egocêntrico.
Eles, cuja Via Láctea gira em torno de seus próprios umbigos, não calculam riscos, são de mandar matar e correm para prantear o morto, ombro a ombro com suas viúvas.Continue lendo ›

O milagre do arroz

Ilustração

Dos dias em que vejo destruírem minha Pátria por pura vaidade, dias tristes
de alegres e vesgos porcos eleitos, Deus me enviou Anjos
e tais Anjos me presentearam um livro
E o livro, presente de amor, narra a misericórdia
pelo Amor

((Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
A outra metade é silêncio…))Continue lendo ›

Zika, a talidomida orgânica

Ilustração

Na pobre ética política praticada em nosso país, os créditos das inaugurações, que conseguem unir num só evento, o maior nível de pelegos por centímetro de risoles quadrados do mundo, a um número surpreendente de oportunistas ávidos por uma dica de concorrência, desde que seja pública, pois a fatura, nos acertos é creditada aos mandatários eleitos, e, em efeito trágico, a conta vem nas guias de nossos impostos.
Não temos, enquanto cidadãos, o direito a ampla defesa, nem o benefício da dúvida, mas na mesma dúvida, imposto que vence no sábado, tem que ser pago na sexta-feira.Continue lendo ›

Carta para minha mãe, Dona Hipólita

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Bogotá, Grã-Colômbia, 28 de setembro de 1828

Para minha Mãe-e-Pai de criação e do dulcíssimo afeto, Dona Hipólita, negra e escrava liberta, que habita no que o bastardo Dom Fernando, Imperador Regente do Reino de Espanha, deixou restar da casa de meus familiares, na prisioneira Caracas, ainda Província de Venezuela, Capitania da Coroa.
Amada Mãe, não sei dizer se é mais difícil ser presidente de um país recém-livre, ou sentir a falta tua, dos teus aconselhamentos, do cafezinho que sempre coava quentinho dos frutos colhidos sobre pano alvo, apenas para mim!Continue lendo ›

A crise que podemos evitar

Ilustração

Anos atrás, na Lapa (PR) fui visitar o túmulo de Seo Abbas Salim Abulkaliq, meu avô, e da minha amada avó, Dona Erna Pasche Salim. Meu avô, imigrante libanês Druzo, por décadas foi barbeiro na pequenina Lapa, e Dona Erna cobria botões dos vestidos das moças da cidade.
Meu querido Abbas, deixou sábia herança. Ele certa vez comprou um terno bem bonito na Pernambucanas, porém só o vestiu para sair quando pagou a última prestação do carnê. Continue lendo ›

Só resta a você os amigos que conquistou

ademar

De Ademar Schiavone, em sua coluna “Memórias de um bom sujeito”, no Jornal do Povo de domingo passado:

Conhecemo-nos quando ele chegou a Maringá no início da década de l950, jogando futebol nos campos de terra que existiam às dezenas em nossa cidade.
A amizade e o tratamento cordial sempre foi uma constante em nossas vidas.Continue lendo ›

“No Natal eu fui apresentado ao Cristo Jesus”

Ilustração

Do Velho Gagá:

Alguns anos atrás, eu perambulava pelas ruas de nossa capital, Curitiba, entre uma internação e outra, com uma caixa de jujubas nas mãos, para vendê-las e assim prover alguma melhora na qualidade de vida dos meus dias.
Jamais deixei de subir a ladeira da rua Ermelino de Leão nas sextas, para cumprir minha obrigação religiosa na Mesquita Imam Ali ibn Abi Talib (A.S.) e na Husseanie (local de reza e estudos xiitas da escola Duodecimal).
Sou um dos poucos ainda vivos, descendente do povo Druzo cuja escola Islâmica é xiita.Continue lendo ›

Minha delicada obsessão

De Beliza Farias Coelho:
É bem possível que eu entre em uma loja de sapatos e saia exatamente da mesma forma que entrei, apenas com aqueles que calçam meus pés. Agora, quando entro em uma livraria, dificilmente conseguirei sair de mãos vazias. Guardo comigo uma lista escrita e mental dos livros que ainda quero ler, sem contar aqueles que me surpreendem com suas cores, letras e prefácios pelas prateleiras.
A curiosidade em ler cada boa palavra escrita faz transbordar meu coração de euforia. Se eu pudesse, pedia para parar o mundo de vez em quando, só para ler horas seguidas despreocupadamente, longe das tarefas do dia-a-dia.Leia mais.

O medo

De Beliza Farias Coelho, d’ A Prosa do Cotidiano:
medoO medo de levantar para dançar e parecer ridículo, o medo de encarar a terapia, o medo de ser diferente e incompreendido, o medo de declarar “eu te amo” e não ser correspondido. O medo.
Quantas vezes me senti literalmente paralisada pelo medo, uma inércia que gelava meus ossos. Quantas vezes não agi pela incerteza quase certa que esse sentimento me causava. Inúmeras vezes, perdi a conta. Leia mais.

Um pouco mais de paciência

De José Luiz Boromelo:
brigaNessa época atribulada em que as pessoas vivem correndo de um lado para o outro, a falta de paciência é a face mais visível de um novo conceito de vida moderna. No ambiente doméstico casais vivem às turras por deixarem o diálogo e a paciência de lado. Os filhos carecem de paciência para superar a fase quase sempre instável da adolescência. Os namorados brigam por qualquer coisa, por mais ínfima que seja. No trânsito a coisa é pior ainda. Sempre apressados, motoristas, ciclistas e pedestres travam uma batalha diária por um espaço cada vez mais raro em nossas vias públicas, muitas vezes chegando a atitudes extremas sem qualquer justificativa para seus atos. Continue lendo ›

Viver além dos rótulos

Beliza Farias CoelhoDe Beliza Farias Coelho (foto), que todas as terças-feiras publica um texto novo no blog A Prosa do Cotidiano:

Tenho reparado nessa nossa tendência em definir as pessoas com as quais convivemos, os sentimentos que nutrimos por elas ou determinadas situações, sendo que, por vezes, ao nos deparamos com a incapacidade de fazê-lo, chegamos a desistir da vivência que podem nos oferecer.
Quantas pessoas titubeiam ou deixam de experimentar uma linda relação amorosa pela ausência do casamento. Realmente acredito que essa instituição é importante, por diversos fatores que não vêm ao caso, mas ele deve acontecer naturalmente, pela simples e íntima decisão de dois seres em partilhar as alegrias e as mazelas do dia-a-dia. Leia mais.

Linda flor

padreorivaldoNesta semana, explicando sobre atendimento preferencial, a jovem funcionária quis saber se eu tinha 60 anos. Devolvi-lhe um sorriso de indulgência. Não me senti lisonjeado. Acho que ela quis ser delicada. Ou sentiu pena de mim. Não precisava. Não tenho problema com idade. Impossível esconder o estrago que os anos fazem. Inútil simular mocidade que não temos mais. Além de que certos fatos revelam o que vivemos. Como a entrevista de Paulo Roberto Pereira de Souza, ex-reitor da UEM, que li nestes dias. Reavivou-me uma enxurrada de lembranças.
Conheci Paulo Roberto em 1967, estudante no Gastão Vidigal, onde eu lecionava, mas não para sua turma. O Gastão reunia um quadro de professores admiráveis. A exemplo de Ary de Lima e Aniceto Matti, autores de letra e música do Hino a Maringá. Ou Darcy de Carvalho, José Hiran Salée, Walter Pelegrini, Renato Bernardi, Leila dos Santos, Ester Gonçalves, Henrique Ortêncio, Antônio Carlos Braga… Esses e dezenas de outros, já na casa do Pai. Sobreviventes, apenas septuagenários. Como eu, que nunca me senti admirável.Continue lendo ›

Desculpe, sim?

Do padre Orivaldo Robles:
padreorivaldo“Homo sum, humani nihil a me alienum puto” (Sou homem, nada do que é humano eu considero estranho a mim). A sentença é de Terêncio (185-159 a. C.), poeta e dramaturgo romano. Posto no fim da oração, como é praxe em latim, um curioso verbete nada tem a ver com o que algum apressadinho imaginou. É só a primeira pessoa singular do modo indicativo do verbo “putare”, sinônimo de pensar, achar, considerar. Terêncio afirmava que, sendo humano, ele não se via como melhor do que ninguém. Qualquer falta cometida por alguém ele também poderia cometer.
Aprendi essa verdade na infância. Estou convencido que não existe barbaridade praticada por outrem que eu não possa repetir. Não sou melhor que os outros. Nem tinha por quê. Estou sujeito ao erro como qualquer mortal. Continue lendo ›

Gente importante

padreorivaldoComentei, outro dia, o retiro espiritual que fizemos no mês passado. O pregador impressionou pela vastidão de conhecimentos e pela propriedade de colocações sobre nosso papel de servidores do povo de Deus. Dia 20 p. p., a CNBB informou que o papa Francisco o nomeou membro da Pontifícia Comissão Bíblica de Roma. Seu nome é padre Luís Henrique Eloy e Silva. É doutor em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, professor universitário em Belo Horizonte, membro da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé e coordenador da equipe de revisão da Bíblia da CNBB. Depois dos cursos superiores de Filosofia e de Teologia, já padre, estudou mais oito anos na Europa (mestrado e doutorado). Tem formação musical, toca piano e fala oito línguas além do português. No Brasil e no Exterior disputam-no para conferências, palestras e pregações. E aí, é fraco o cidadão? Continue lendo ›